A importância das imagens digitais
Talvez o mais importante que a web tenha nos ensinado seja como as pessoas
gostam de imagens.
A web é muito
visual, tendência que se torna cada vez
mais intensa. As pesquisas nos mostram reiteradamente
os efeitos benéficos das imagens
digitais. Os artigos com boas imagens são mais visualizados. As postagens com
imagens em mídias sociais são mais compartilhadas. Na verdade, as redes de
mídias sociais que giram em torno de
imagens – como Instagram e Pinterest – têm apresentado taxas de crescimento
explosivas. Da mesma maneira, imagens
e fotos são parte vital do Facebook e do Twitter.
Somos criaturas visuais. Não evoluímos para a leitura,
mas sim
para a observação de imagens. É o nosso
sentido mais agudo, e o que ocupa mais espaço no cérebro. Somos, portanto, consumidores hábeis de imagens. Nós as decodificamos com rapidez e facilidade. Elas nos
possibilitam absorver com rapidez o significado.
Elas nos levam a apreender de
imediato o cerne de uma página ou postagem e a orientar
nossas decisões para nos aprofundarmos ou nos
afastarmos do que vemos.
As imagens nos seduzem a ler a mensagem, facilitam a compreensão de instruções, e são mais capazes de viralizar o conteúdo. Algumas das descobertas de pesquisas
sobre a importância das imagens
on-line incluem as seguintes:
As pessoas são 80% mais propensas a ler o conteúdo que inclui
imagens em cores.2
Os infográficos atraem três vezes mais curtidas e compartilhamentos em mídias sociais do
que outros tipos de conteúdo.3
Os
artigos com pelo
menos uma imagem
para cada cem palavras são
duas
vezes
mais propensos
a ser compartilhados nas mídias sociais.4
O compartilhamento de conteúdo pelos
usuários no site de
imagens Pinterest é
altamente provável: oito em
dez pins no site são “re-pins”.5
A probabilidade
de que instruções com imagens visuais sejam seguidas corretamente é três vezes superior a instruções sem
imagens visuais.6
As pessoas acham
mais difícil ler textos na tela do
que no papel, mesmo que a tela seja de alta definição.
Em contraste, observar imagens na tela exige
menos esforço.
O design também exerce
impacto
real sobre
como
valorizamos as coisas.
Sites com design otimizado em relação às preferências
do cérebro inspiram mais confiança e curtição.
Produtos
e embalagens com melhor design aumentam o volume e o valor das compras.
Em economias avançadas, onde se tornou
mais difícil diferenciar os produtos com clareza apenas com base na
qualidade ou em atributos funcionais, o design é cada
vez mais importante como indutor de valor.
Os usuários da web são intuitivos, impacientes e focados em
imagens
A proliferação
de imagens acarretou uma espécie de bombardeio visual. Embora o cérebro
humano tenha evoluído para decodificar informações
transmitidas pelos olhos, o volume e a variedade de imagens e designs especiais a que
estamos expostos diariamente são
inéditos.
Dispomos hoje de mais imagens e escolhas do que em
qualquer outra época. Se não estivermos
muito interessados em uma página de
internet, basta um único clique para
fechá-la. Em consequência, todos nos tornamos
observadores efêmeros, saltitantes e rasantes. As pesquisas
mostram que as pessoas não leem em profundidade
textos on-line; sobrevoam, relanceiam
e prosseguem, sem mergulhar e se aprofundar.
Com tantos estímulos visuais disponíveis, não admira
que terapeutas e psicólogos relatem
aumento na ocorrência de sintomas
de transtornos do tipo déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Quem cresceu no ambiente da web, o nativo digital,
já consome conteúdo de maneira diferente da dos pais – alternando a atenção, confortavelmente, entre várias telas ao mesmo tempo. A atenção dispersa, porém, é mais fraca que a atenção focada.
Pesquisa da Microsoft entre 2.000 pessoas no Canadá revelou que a capacidade de sustentar a atenção focada em face de fatores de distração ou dispersão caiu para apenas 8 segundos em 2015, comparados com 12 segundos no ano 2.000, antes da explosão de imagens, vídeos e telas móveis.7 Esse diminuto limiar de atenção foi considerado pela revista Time inferior à suposta capacidade de concentração de peixes dourados de aquário! Do mesmo modo, pesquisa do King’s College, de Londres, revelou que a distração por avisos sonoros de e- mails afetava mais os testes de QI do que os efeitos da maconha.
Na China, há um campo de treinamento do tipo militar para a recuperação de jovens, geralmente garotos, viciados em internet. Os internos passam por um programa rigoroso desenvolvido pelo psiquiatra Tao Ran, para quem a dependência à internet “leva a problemas no cérebro semelhantes aos provocados pelo consumo de heroína”.9 No Ocidente, clínicas dispendiosas que, tradicionalmente, tratam pessoas viciadas em álcool, drogas e jogo, já estão recebendo para terapia indivíduos viciados em internet.
Um estudo pediu a voluntários para se sentarem em salas vazias durante 15 minutos e apenas ficarem
sozinhos com seus pensamentos. O único estímulo possível
na sala era um botão que aplicava um choque elétrico. Tão insuportável
era a falta de estímulo que 18 dos 42 participantes optaram por se submeterem aos choques elétricos
a ficarem
sozinhos, em silêncio, consigo mesmos. Os homens (12 em
28) se mostraram mais propensos do
que as mulheres (6 em 24) a se autoflagelarem com o choque. Não foi nem mesmo a
curiosidade que induziu os participantes a se aplicarem choques: na preparação para o estudo, eles já haviam experimentado a sensação do choque e todos os participantes a consideraram bastante
desagradável
a
ponto de afirmarem que estariam
dispostos a pagar para
não a enfrentarem de novo.
Os autores do estudo
acham que os resultados refletem a dificuldade inerente aos seres
humanos de controlar os próprios pensamentos. Sem treinamento em técnicas como meditação, as pessoas preferem deslocar
o foco para atividades externas. A navegação na web talvez esteja apenas suprindo
essa necessidade inata, em vez de ser a sua causa.
Outro
estudo mostra o estímulo prazeroso
que novas imagens provocam
no cérebro. Os participantes foram
acomodados num aparelho de imagem
por ressonância magnética funcional
(fMRI) que escaneava
suas
atividades cerebrais, enquanto eles
jogavam um carteado na tela. Primeiro,
viram uma série de cartas, cada uma oferecendo
uma recompensa diferente. Em seguida, no jogo, eles tinham de
escolher cartas, uma de cada vez. O interessante
é que, ao depararem com uma nova
carta que não tinham visto antes, eles eram mais propensos a escolhê-la, em vez de outra que já tinham visto, cuja
recompensa era
conhecida. Uma área
primitiva do cérebro, que processa
neurotransmissores associados com bons sentimentos (como
dopamina) – o estriado ventral – era ativada. A nova escolha oferecia uma
sensação agradável, embora
fosse menos conhecida e mais arriscada.
Retrocedendo
em nossa história evolutiva, embora as experiências
com que estamos familiarizados pareçam
menos arriscadas, também
precisamos explorar
situações novas. Durante
a maior parte
da história, nossos ancestrais
viveram como caçadores-coletores, precisando
constantemente explorar novos territórios
em busca de novas fontes de alimentos. Essa pressão provavelmente
evoluiu em nossa compleição como um impulso para explorar e experimentar
novas situações, que agora se manifesta em contexto completamente
diferente – nesse exemplo, como
navegação on-line –, embora explore uma forma
ancestral, quase primitiva, de busca de prazer.
Lidar com todas as escolhas e informações disponíveis se tornou como tentar beber água numa mangueira de incêndio a toda pressão. Estamos sedentos, mas só podemos beber se conseguirmos filtrar o jato incessante. Os filtros estão no cérebro, e os examinaremos com mais profundidade nos próximos capítulos. A atenção é um recurso psicológico, e a neurociência ensina o seu funcionamento.
A explosão de informações e escolhas exerce mais pressão sobre os
elementos psicológicos de um negócio, como os designs de seus sites, produtos
e comunicações. As pessoas, em
geral, não têm tempo suficiente para pesquisar em profundidade e para considerar todos os detalhes do
que estão lendo,
fator que reforça
a influência das
imagens nas escolhas e decisões.
Bibliografia
SOUSA, Henderson Dionízio. MORAES, Cristine do Carmo Schmidt Bueno de. O estudo do neuromarketing como ferramenta de percepção da reação dos consumidores. Revista Tecnológica da Fatec Americana, Americana. v.3, n.1, p.118-144, mar./2015. Disponível em: http://www.fatec.edu.br/revista_ojs/index.php/RTecFatecAM/article/view/44/53.