quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

NEUROMARKETING Imagens Digitais


 A importância das imagens digitais

 

Talvez  o  mais  importante  que  a  web  tenha  nos ensinado seja como as pessoas gostam de imagens. A web é muito visual, tendência que se torna cada vez mais intensa. As pesquisas nos mostram reiteradamente os efeitos benécos das imagens digitais. Os artigos com boas imagens são mais visualizados. As postagens com imagens em mídias sociais são mais compartilhadas. Na verdade, as redes de mídias sociais que giram em torno de imagens – como Instagram e Pinterest – têm apresentado taxas de crescimento explosivas. Da mesma maneira, imagens e fotos são parte vital do Facebook e do Twitter.


Somos criaturas visuais. Não evoluímos para a leitura, mas  sim  para  a  observação  de  imagens.  É  o  nosso sentido mais agudo, e o que ocupa mais espaço no cérebro. Somos, portanto, consumidores hábeis de imagens. Nós as decodicamos com rapidez e facilidade. Elas nos possibilitam absorver com rapidez o signicado. Elas nos levam a apreender de imediato o cerne de uma página ou postagem e a orientar nossas decisões para nos aprofundarmos ou nos afastarmos do que vemos.

As imagens nos seduzem a ler a mensagem, facilitam a compreensão de instruções, e são mais capazes de viralizar o conteúdo. Algumas das descobertas de pesquisas sobre a importância das imagens on-line incluem as seguintes:

 

As pessoas são 80% mais propensas a ler o conteúdo que inclui imagens em cores.2

Os infográcos atraem três vezes mais curtidas e compartilhamentos em mídias sociais do que outros tipos de conteúdo.3

Os  artigos  com  pelo  menos  uma  imagem  para cada   cem   palavras   são   duas   vezes   mais propensos a ser compartilhados nas mídias sociais.4

O compartilhamento de conteúdo pelos usuários no   site   de   imagens   Pinterest   é   altamente provável: oito em dez pins no site são re-pins”.5

A probabilidade de que instruções com imagens visuais sejam seguidas corretamente é três vezes superior a instruções sem imagens visuais.6

 

As pessoas acham mais difícil ler textos na tela do que no papel, mesmo que a tela seja de alta denição. Em contraste, observar imagens na tela exige menos esforço.


design também  exerce  impacto  real  sobre  como valorizamos as coisas. Sites com design otimizado em relação às preferências do cérebro inspiram mais conança e curtição. Produtos e embalagens com melhor design aumentam o volume e o valor das compras. Em economias avançadas, onde se tornou mais difícil diferenciar os produtos com clareza apenas com base na qualidade ou em atributos funcionais, o design é cada vez mais importante como indutor de valor.

 

Os usuários da web são intuitivos, impacientes e focados em imagens

A proliferação de imagens acarretou uma espécie de bombardeio visual. Embora o cérebro humano tenha evoluído para decodicar informações transmitidas pelos olhos, o volume e a variedade de imagens e designs especiais a que estamos expostos diariamente são inéditos.

Dispomos hoje de mais imagens e escolhas do que em qualquer outra época. Se não estivermos muito interessados em uma página de internet, basta um único clique para fechá-la. Em consequência, todos nos tornamos observadores efêmeros, saltitantes e rasantes. As pesquisas mostram que as pessoas não leem em profundidade textos on-line; sobrevoam, relanceiam e prosseguem, sem mergulhar e se aprofundar.

Com tantos estímulos visuais disponíveis, não admira que terapeutas e psicólogos relatem aumento na ocorrência de sintomas de transtornos do tipo cit de atenção com hiperatividade (TDAH). Quem cresceu no ambiente da web, o nativo digital, consome conteúdo de maneira diferente da dos pais – alternando a atenção, confortavelmente, entre várias telas ao mesmo tempo. A atenção dispersa, porém, é mais fraca que a atenção focada.


Pesquisa da Microsoft entre 2.000 pessoas no Canadá revelou que a capacidade de sustentar a atenção focada em face de fatores de distração ou dispersão caiu para apenas 8 segundos em 2015, comparados com 12 segundos no ano 2.000, antes da explosão de imagens, vídeos e telas móveis.7  Esse diminuto limiar de atenção foi considerado pela revista Time inferior à suposta capacidade de concentração de peixes dourados de aquário! Do mesmo modo, pesquisa do King’s College, de Londres, revelou que a distração por avisos sonoros de e- mails afetava mais os testes de QI do que os efeitos da maconha.

Na China, há um campo de treinamento do tipo militar para a recuperação de jovens, geralmente garotos, viciados em internet. Os internos passam por um programa rigoroso desenvolvido pelo psiquiatra Tao Ran, para quem a dependência à internet “leva a problemas no rebro semelhantes aos provocados pelo consumo de heroína”.9 No Ocidente, clínicas dispendiosas que, tradicionalmente, tratam pessoas viciadas em álcool, drogas e jogo, já estão recebendo para terapia indivíduos viciados em internet.

Um estudo pediu a voluntários para se sentarem em salas vazias durante 15 minutos e apenas carem sozinhos com seus pensamentos.  O único estímulo possível na sala era um botão que aplicava um choque elétrico. Tão insuportável era a falta de estímulo que 18 dos 42 participantes optaram por se submeterem aos choques   elétricos   a   carem   sozinhos,   em   silêncio, consigo mesmos. Os homens (12 em 28) se mostraram mais propensos do que as mulheres (6 em 24) a se autoagelarem com o choque. Não foi nem mesmo a curiosidade que induziu os participantes a se aplicarem choques: na preparação para o estudo, eles haviam experimentado a sensação do choque e todos os participantes  a  consideraram  bastante  desagradável  a


ponto de armarem que estariam dispostos a pagar para não a enfrentarem de novo.

Os  autores  do  estudo  acham  que  os  resultados reetem a diculdade inerente aos seres humanos de controlar os próprios pensamentos. Sem treinamento em técnicas como meditação, as pessoas preferem deslocar o foco para atividades externas. A navegação na web talvez esteja apenas suprindo essa necessidade inata, em vez de ser a sua causa.

Outro estudo mostra o estímulo prazeroso que novas imagens provocam no rebro.  Os participantes foram acomodados num aparelho de imagem por ressonância magnética  funcional  (fMRI)  que  escaneava  suas atividades   cerebrais,   enquanto   eles   jogavam   um carteado na tela. Primeiro, viram uma série de cartas, cada uma oferecendo uma recompensa diferente. Em seguida, no jogo, eles tinham de escolher cartas, uma de cada vez. O interessante é que, ao depararem com uma nova carta que não tinham visto antes, eles eram mais propensos a escolhê-la, em vez de outra que já tinham visto,   cuja   recompensa   era   conhecida.   Uma   área primitiva do cérebro, que processa neurotransmissores associados com bons sentimentos (como dopamina) – o estriado ventral – era ativada. A nova escolha oferecia uma  sensação  agradável,  embora  fosse  menos conhecida e mais arriscada.

Retrocedendo em nossa história evolutiva, embora as experiências com que estamos familiarizados pareçam menos  arriscadas,  também  precisamos  explorar situações  novas.  Durante  a  maior  parte  da  história, nossos ancestrais viveram como caçadores-coletores, precisando constantemente explorar novos territórios em busca de novas fontes de alimentos. Essa pressão provavelmente evoluiu em nossa compleição como um impulso para explorar e experimentar novas situações, que  agora  se  manifesta  em  contexto  completamente


diferente – nesse exemplo, como navegação on-line –, embora explore uma forma ancestral, quase primitiva, de busca de prazer.

Lidar com todas as escolhas e informações disponíveis se tornou como tentar beber água numa mangueira de incêndio a toda pressão. Estamos sedentos, mas só podemos beber se conseguirmos ltrar o jato incessante. Os ltros estão no cérebro, e os examinaremos com mais profundidade nos próximos capítulos. A atenção é um recurso psicológico, e a neurociência ensina o seu funcionamento. 


A explosão de informações e escolhas exerce mais pressão sobre os elementos psicológicos de um negócio, como os designs de seus sites, produtos e comunicações. As pessoas, em geral, não têm tempo suciente para pesquisar em profundidade e para considerar todos os detalhes  do  que  estão  lendo,  fator  que  reforça  a inuência das imagens nas escolhas e decisões.


Bibliografia


SOUSA, Henderson Dionízio. MORAES, Cristine do Carmo Schmidt Bueno de. O estudo do neuromarketing como ferramenta de percepção da reação dos consumidores. Revista Tecnológica da Fatec Americana, Americana. v.3, n.1, p.118-144, mar./2015. Disponível em: http://www.fatec.edu.br/revista_ojs/index.php/RTecFatecAM/article/view/44/53.

 


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